sábado, 17 de novembro de 2007

A Fábula dos Porcos Assados

Parte 1

"Certa vez, aconteceu um incêndio no bosque onde se encontravam alguns porcos. Estes foram assados pelo incêndio. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e os acharam deliciosos. Logo, todas as vezes que queriam comer porcos assados, soltavam uns porcos e incendiavam o bosque ... até que descobriram um novo método.

Mas, o que eu quero contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o SISTEMA para implantar um novo. Fazia tempo que algumas coisas não iam bem: às vezes, os animais ficavam queimados ou parcialmente crus; outras, de tal maneira queimados, que era impossível utilizá-los. Como era um procedimento montado em grande escala, preocupava muito a todos porque, se o SISTEMA falhava, as perdas ocasionadas eram igualmente grandes. Milhões eram os que se alimentavam de carne assada e também muitos milhões eram os que tinham ocupação nessa tarefa. Portanto, o SISTEMA simplesmente não devia falhar. Mas, curiosamente, à medida que se fazia em maiores escalas, mais parecia falhar e maiores perdas pareciam causar.

Em razão das deficiências, aumentavam as queixas. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o SISTEMA.

Tanto assim que, todos os anos, realizavam-se congressos, seminários, conferências e jornadas para achar a solução. Mas parece que não acertavam o melhoramento do mecanismo, porque, no ano seguinte, repetiam-se os congressos, os seminários, as conferências e as jornadas. E assim sempre.

As causas do fracasso do SISTEMA, segundo os especialistas, deviam se atribuir à indisciplina dos porcos que não permaneciam onde deviam; ou à inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar; ou às árvores excessivamente verdes; ou à umidade da terra; ou ao serviço de informações meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e quantidade de chuvas; ou ...

As causas eram, como se vê, difíceis de determinar porque, na verdade, o sistema para assar porcos era muito complexo. Fora montada uma grande estrutura: uma grande maquinaria com inúmeras variáveis fora institucionalizada. Havia indivíduos dedicados a acender: os incendiadores, que, ao mesmo tempo, eram especialistas de setores (incendiadores da zona norte, da zona oeste, etc; incendiadores noturnos, diurnos com especialização matutina e vespertina; incendiadores de verão, de inverno, com disputa jurídica sobre o outono e a primavera). Havia especialistas em vento: os anemo-técnicos. Havia um diretor geral de assamentos e alimentação assada; um diretor de técnicas ígneas (com seu conselho geral de assessores); um administrador geral de florestação; uma comissão de treinamento profissional em porcologia; um instituto superior de cultura e técnicas alimentícias (ISCUTA) e o BRODRIO (Bureau Orientador de Reformas Igneooperativas).

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